segunda-feira, 18 de novembro de 2019

CAMINHO DAS PEDRAS – Rafael Rocha

Do livro “SANGRAMENTO” incluído na coletânea “POETAS DA IDADE URBANA” - 2013
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No caminho das pedras
Escrever é um culto
Aos deuses dos vazios
Dos sem limite a ser.
Um verso claro e duro
Sempre busca abrigo
Mesmo inimigo
A sepultar o ritmo
Do prazer.

O verso livre existe
Germinado em pedras
Maciço potentado
Liberto e sem raiz
De futuro e de passado.
Faz do amor verniz
E na madeira bruta
É desabrido e ousado
Deixando cicatriz.

Escrevo nas pedras
Marcando o caminho
De todas as origens
Seja em guerra ou em paz
Retratadas nas heranças
De todas as viagens
As palavras voam
E os versos soam
Todos imortais.

LOUCURAS DA INSÔNIA – Rafael Rocha

Do livro “Felizes na Dor – Tributo ao poeta Charles Bukowski” – 2016
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loucuras de um insônico
ou do bêbado contumaz
louco para sentir a umidade
de uma buceta rosada
e de uma língua macia
a lamber minha genitália

tesão de mulher da rua
a puta que sentou
à minha mesa de bar
tinha peitos grandes
e mamilos grossos
como meu dedo mindinho

branca, branca, branca
assim era Pérola, a puta
do bar gambrinus
branca, branca, branca
tinha desejos felinos
buceta peladinha e linda

loucura de um sem sono
lá ia meu corpo na busca
da pele de Pérola
em quase todas as sextas
que eram mais feiras
que nas vésperas de sábados

fiquei velho e dizem:
“Pérola está gorda
e bebe como uma sedenta
as cervejas e cachaças.
Pérola não é mais branca
e agora tem a buça cabeluda”.

ah, essa insônia para ter
e trazer lembranças...
a minha mesa continua
esperando pelas pérolas
brancas, brancas, brancas
e pelas lindas e peladas buças.