Do
livro “Meio a Meio” - 1979
É
uma coisa bem própria dos poetas
o
beber vinho amargo como a vida
e
amar a própria vida como um vinho
na
amplidão de todas as mulheres.
É
uma coisa muito própria dos poetas
perder
as forças em todo amanhecer.
Ouvir
o silêncio precisando de escuta
ao
sabor do sangue de uvas entre os lábios.
Beber
a vida é coisa própria de poetas.
Escutar
pela saliva um aroma puro
de
noites amplas onde o vinho é uma música
que
torna um instante de hoje em dois instantes.
O
poeta é um bêbado que sorve o hoje.
Não
discute os problemas do amanhã.
É
uma estrela mergulhada em um cálice
que a morte beberá após a vida.