O país do futuro dorme
deitado em berço esplêndido
nas camas dos banqueiros.
É liquidado diariamente
em doses de uísque
e nas surubas
de desembargadores
e juízes e políticos
com notas de milheiros
saindo dos coletes
decorando os decotes
das socialites.
Do outro lado
deitado em camas rústicas
sobre lodaçais
com muriçocas e ratos
e surtos epidêmicos
o povo dorme
doente e pronto
para a escravidão
do dia seguinte
em ordem
e
em progresso.