Do livro “Contos
Delirantes com Versos em Bolero” - 2017
Carnaval.
Sábado. Dia do
Galo da Madrugada.
Saiu de casa
cedo, fantasiado de marinheiro.
O ônibus demorou
bastante para chegar, e quando chegou nestava lotado como uma lata de sardinha.
Conseguiu entrar
e passar pela catraca.
Uma linda criatura, talvez com 17 ou 18 anos, morena e de olhos verdes bem
repuxados, cabelos curtos e encaracolados, em pé ao lado dele, sorriu.
Correspondeu ao
sorriso.
- Acho que estou
bem fantasiado! - pensou.
O ônibus chegou
no centro do Recife, na Avenida Conde da Boa Vista, e logo em frente ao Bar
Mustang ele desceu.
Olhou para os
lados e viu homens e mulheres indo e vindo. A cidade estava bem cheia para
aquele horário das nove da manhã.
- Vai ter muita
gente hoje! - voltou a falar com seus botões.
A linda criatura
do ônibus, que tinha sorrido para ele, apareceu de repente em sua frente.
- Como é, Popeye!
Vamos?
Olhou para ela e
estranhou o convite. Não a conhecia, mas carnaval é carnaval.
Saíram andando
lado a lado. Ela parou em um quiosque e comprou uma máscara colorida. Pediu
ajuda para que ele colocasse a máscara.
Ele ajudou.
- Fiquei mais
bonita? - perguntou.
- Você é mais
bonita sem máscara. Mas carnaval é carnaval - respondeu ele.
Sentiu a mão esquerda dela a tocar sua mão direita. Gostou do toque.
- Vamos
atravessar a ponte e ir para onde o Galo vai começar a desfilar? - perguntou
ela.
As duas mãos se
entrelaçaram. Ele pensou na esposa que tinha ficado em casa vitimada por uma
forte gripe. Olhou para a sorridente e linda criatura.
- Vamos! -
respondeu.
Atravessaram a
ponte Duarte Coelho, pegaram a Avenida Guararapes, depois seguiram pela Rua do
Sol, alcançando a Rua da Concórdia e lá estavam ambos em frente ao Forte das Cinco
Pontas.
Na andança
beberam, cada um, duas grandes latas de cerveja.
O calor estava
forte.
Os carros dos
trios elétricos estavam prestes a sair. Fogos de artifício pipocavam. Beberam
mais duas cervejas e começaram a frevar e a cantar e a curtir um ao outro. As
bocas se colaram num beijo longo e molhado.
Ela deixou que
ele a encoxasse por trás e ficou remexendo o corpo contra o corpo dele. Ele
mordeu levemente a nuca dela. O perfume dela estava a entontecê-lo.
- Você é muito
cheirosa! - disse, ao pé do ouvido dela.
Escutou a risada
cristalina. Ficou mais excitado. Envolveu o corpo dela com os braços e deixou
as mãos subirem até os seios.
Pequenos.
Redondos.
Apertou
suavemente os dois. Ela gemeu, voltou o rosto para ele e ofereceu a boca.
Beijaram-se com
mais vontade ainda.
Ele já tinha
esquecido a esposa presa em casa por forte gripe.
- Carnaval é
carnaval! - pensou.
O Galo da
Madrugada com seus trios elétricos saiu fulgurante e musical pelas ruas da
cidade do Recife, mas eles tomaram ruas adjacentes, fugindo da multidão.
O desejo era
forte. Os amassos excitantes. As mãos dela, tateando sua virilha estavam a
deixá-lo marinheiro fora do rumo.
- Meu Popeye! -
exclamou ela, fazendo com que a excitação dele aumentasse.
Adentraram o
Pátio de São Pedro, terminaram saindo pela Rua da Praia e no fim de tudo lá
estavam os dois bem agarrados e se beijando em frente ao chafariz da Praça 17.
Ele deslizou as
mãos pelo pequeno short que ela usava.
Acariciou as
coxas.
Subiu por baixo
da blusinha de quase nada de pano e conseguiu segurar com ambas as mãos os dois
pequenos e redondos seios.
Ela deixou que
ele colocasse os seios para fora da blusinha e que sugasse os bicos como uma
criança faminta.
Gemia e gemia,
satisfeita.
Ele deslizou as
mãos e tentou abaixar o short dela.
- Aqui não! Por favor, meu Popeye, aqui não! -
pediu ela.
Ele olhou para os
lados. Viu um pequeno beco na confluência da Praça 17 com a Rua Duque de
Caxias. Estava penumbroso, quase escuro.
Pegou ela pela
mão. Ela entendeu. Saíram quase correndo para o beco e para a penumbra do beco.
E ela deixou que
ele baixasse o short dela e depois a calcinha e depois...
Um pênis pequeno,
saliente e duro apresentou-se aos olhos de Popeye.
- Você... você
é... você é... - gaguejou ele.
Ela acariciou o
rosto dele. Sempre sorrindo.
- Isso é ruim,
meu Popeye? - perguntou.
Ele do jeito que
estava, completamente excitado, nem soube o que responder de imediato. Olhou
para o rosto lindo e angelical da criatura que o fitava, fez com que ela virasse o corpo e ficasse
de costas para ele e antes de entrar em atuação disse ao seu ouvido
- Não... não... não... Carnaval é carnaval!