Andei por agrestes e sertões.
Vi a fome a viver nas
multidões.
Animais mortos ao sol,
crestando os ossos.
Homens sem ter onde
morrer.
Mulheres mortas ao prazer.
A cigana jogou os
búzios na terra quente,
tentando descobrir
caminho de águas.
Apenas a vida sangrava.
Apenas o sol queimava,
enviando raios
inclementes,
secando todas as
nascentes.
Não consegui cantar
amor!
Não consegui cantar
ódio!
Não consegui nada!
Consegui fazer nascer a
ária da tristeza,
enquanto a fome
assassina
queimava estômagos vazios.