sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

MARCAÇÃO LOUCA – Rafael Rocha


Do livro “SANGRAMENTO” inserido na coletânea “Poetas da Idade Urbana” - 2013
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Pássaros no espaço voejam
Com destino a qualquer lugar
As plantas nocivas vicejam
Em conluio com a cor do ar
O relógio marca apenas horas
No estrada da vida a passar
O copo de cerveja perde o gelo
E o cigarro começa a se apagar
De tudo restam cinzas ou degelo
No rastro dos pássaros no ar
Uma palavra faz um só apelo
A este escrevinhar

Dizem restar amor nos solos
Dizem restar cantos no ar
Dizem acabar gelo dos pólos
Dizem tudo quase sem pensar
Nesses dizeres alguém ainda grita
Sonhos sem rotas concretas
Sonhar é a ideia perdida
Nas mentes loucas dos poetas
Onde a cor da palavra se agita
Onde a dor do amor anda a ver
A atitude de pressentir a vida
Quando escrever

As plantas nocivas vicejam
Em conluio com a cor do ar
Tanto como metáforas ensejam
Passar e viver. Viver e passar.
Minutos também são de relógios
Marcam instantes ao relembrar
Recriando outros mil imbróglios
Vendo o cigarro a se apagar
Pássaros no espaço voejando
Segundos também vão se marcar
Cinzas e degelos vão restando 
Neste poema a se findar

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