Do livro “Contos Delirantes com Versos
em Bolero” - 2017
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Atravesso as avenidas da cidade como quem
chega
de algum lugar onde a cidade não havia.
Paro em frente aos prédios mais antigos
e neles a minha lembrança enxerga
os passados enterrados em suas paredes.
De algum lugar onde a cidade não havia
eu dobro as esquinas nessa caminhada
como alguém que chega pensando em partir
e sento ao meio-fio de suas calçadas
observando os fantasmas de sua melancolia.
Na chegada caminho pelas ruas estreitas da
cidade
e penso em escrever um poema onde antes
existia um cinema ou uma casa antiga.
Mas desse lugar onde a cidade existia
os versos ficam escondidos e sem ritmos.
E dentro da noite vejo a cidade verdadeira
sem disfarces e sem inquietações.
Os boêmios nos bares e as putas
zanzando em busca do som mais ignorado
do silêncio de suas amarguras.
O poema ao nascer tem o cheiro das
avenidas
marcadas pelas carcaças dos velhos
edifícios
dos lugares onde a cidade não havia.
Assim resolvo ser o cidadão envelhecido
dentro de suas ruelas e esquinas vazias.
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