Do livro
“Contos Delirantes com Versos em Bolero” – 2017
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O Fiat
Uno vinha correndo loucamente pela Avenida Caxangá, no Recife, cortando todos
os carros que lhe apareciam na frente.
As
pessoas nas calçadas ficavam assustadas.
Não
respeitava nenhum sinal vermelho.
Entrou
à direita, seguindo direto para o Hospital Getúlio Vargas, onde estacionou logo
defronte.
Desceu
do Fiat, olhou para dentro e gritou:
-
Calma, tia! Fique calma que eu vou entrar e buscar uma maca pra levar a senhora
na emergência.
Entrou
correndo esbaforido pelo portão do hospital. Alcançou o hall.
Começou
a gritar feito louco:
- Uma
maca! Uma maca! Ei, enfermeiro, traz uma maca que minha tia lá no carro teve um
derrame e precisa ser atendida.
Os
enfermeiros passavam por ele como se ele nem existisse.
Resolveu
tomar uma atitude mais agressiva e agarrou o primeiro que passava de jaleco
branco.
-
Ajude-me! Ajude-me! Minha tia teve um derrame e está lá no carro. Preciso de
uma maca pra trazer ela à emergência.
O cara
de jaleco branco olhou para ele, desvencilhou-se do agarramento.
- Não
sou maqueiro nem enfermeiro, rapaz! Sou médico! Procure os maqueiros por ali!
Ele
correu para o lado que o dito médico tinha apontado. Achou uma maca e dois
rapazes que eram os maqueiros.
-
Ajudem, por favor! Minha tia teve um derrame e está lá no carro e eu não posso
trazê-la sozinho. Ajudem!
Os dois
rapazes encolheram os ombros, pegaram uma maca sobre rodas e saíram ligeiros
com o rapaz até à frente do hospital.
- Cadê?
Cadê? - perguntaram.
-
Estacionei aqui! Porra! Estacionei aqui! Cadê o meu carro? Cadê ele?
Os
maqueiros olharam um a outro. E voltaram com a maca para o hall do hospital.
- Cadê
meu carro? Cadê meu carro? - gritava feito um louco o rapaz.
O
gorducho dono do fiteiro logo atrás dele resolveu ajudar.
- O seu
carro era um Fiat Uno prata?
- Sim!
Sim! Cadê ele? O senhor viu?
- Vi, sim! Rapaz, você estacionou em local proibido e o carro acabou de
ser rebocado pelo guincho do Detran.
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