Minha dor é a dor da terra!
Recordação do tempo insano
de quando coturnos pisavam as ruas
e baionetas ensanguentadas
mergulhavam nos corpos dos audazes.
Ah, tempos para não esquecer!...
Hoje o jovem da terra perde a memória
e volta a crer na mentira do orgasmo
nascido das estrelas assassinas
pousadas em ombros verdes olivas.
Meus cabelos brancos conhecem
a ira da cobiça antiga.
Sabem das crianças assassinadas!
Das mulheres violentadas!
Dos heróis nos paus-de-arara!
Hoje os jovens cortejam a astúcia
dos que ainda pretendem o trono.
Cantam loas e hinos de traição,
crendo na sensualidade canibal
dos forjadores da mentira.
Sim, na minha terra os imbecis
querem massacrar o lume da vitória,
cortar as asas dos pássaros
e silenciar o brado retumbante
a viver em seu intenso verde amarelo.
Minha dor é a dor da terra
sendo estuprada/violentada!
A casa grande acende suas luzes
e nas senzalas o homem livre
acorrenta-se outra vez.
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