É a verdade da solidão a doer no peito
escrevendo o verso sangrento
de fora para o interior.
É a verdade do desamor mais inquieto
querendo ser verdade áspera
de dentro para fora de mim.
Escrevo a dor da solidão atormentada.
Ainda esperando não ser preciso tê-la.
Mas a dor vem. Vem e vai. E vem
de fora para dentro
como sendo dona de meus caminhos.
Paro para olhar o cotidiano da sala
e vejo a solidão no olhar parado da mulher
sem cor e sem paixão a ver TV.
Paro para ler o jornal da manhã
e vejo a mulher sendo escrava do tempo.
Ah, nada mais tenho a perder...
A solidão tem tintas vermelhas de sangue.
Ela é uma dor a bater no ir e vir.
Se eu gritar áspero e traiçoeiro
o olhar do mundo ao redor pedirá silêncio:
- Fale baixo para ninguém reclamar!
Que ninguém! Que merda! Que nada!
É a realidade da solidão a habitar em mim!
E mesmo esperando não ser preciso
escrever e declamá-la
ela tornou-se dona de meus caminhos
de fora para dentro.
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