quarta-feira, 29 de novembro de 2023

SANGRAMENTO DA SOLIDÃO - Rafael Rocha

 

É a verdade da solidão a doer no peito

escrevendo o verso sangrento

de fora para o interior.

É a verdade do desamor mais inquieto

querendo ser verdade áspera

de dentro para fora de mim.


Escrevo a dor da solidão atormentada.

Ainda esperando não ser preciso tê-la.

Mas a dor vem. Vem e vai. E vem

de fora para dentro

como sendo dona de meus caminhos.


Paro para olhar o cotidiano da sala

e vejo a solidão no olhar parado da mulher

sem cor e sem paixão a ver TV.

Paro para ler o jornal da manhã

e vejo a mulher sendo escrava do tempo.


Ah, nada mais tenho a perder...

A solidão tem tintas vermelhas de sangue.

Ela é uma dor a bater no ir e vir.

Se eu gritar áspero e traiçoeiro

o olhar do mundo ao redor pedirá silêncio:

- Fale baixo para ninguém reclamar!


Que ninguém! Que merda! Que nada!

É a realidade da solidão a habitar em mim!

E mesmo esperando não ser preciso

escrever e declamá-la

ela tornou-se dona de meus caminhos

de fora para dentro.

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