- do livro do mesmo nome-2020 - poema agraciado com Menção Honrosa em 2020 pela
Academia de Letras, Ciência e Artes de Ponte Nova (MG) - ALEPON
Concurso Literário Prêmio Professor Mário Clímaco -
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Nestes dias em que a vida deixa de ser
vida
Época da lua cinzenta e do sol frio
Os campanários tocam dobres de finados
E pelas nuvens a funesta ceifadora
Traz para a Terra uma nova idade
Levando para os espaços do além
As amadas. Os amados. Os amigos.
Tempos sombrios!
Na atmosfera dança a enfermidade
caprichosa
A entrar nas vísceras e nos pulmões
humanos
Não faz escolhas de almas nem de corpos
Sejam reis, plebeus, burgueses, ricos,
pobres
Leva para vaguear na terra do sem volta
Sem chances de últimos adeuses
Dona que é da noite interminável.
Tempos sombrios!
As cidades mergulham em solitários dias
Sem os comuns andarilhos machos e fêmeas
O governo maior esquece o seu povo
E mergulha enlouquecido na imbecilidade
Da ignorância e do egoísmo depravado
De quem não deseja luz no mundo
Com seus asseclas genocidas de ternos
caros.
Homens de sabedoria escrevem palavras
Conclamando o retorno aos deuses lares
Para que um dia filhos e netos possam
fitar
As faces enrugadas de seus pais e de
seus avós
Segurando mãos e não santinhos fúnebres
Sem choros e sem velas e sem flores
Sem precisão das missas de sétimos dias.
Tempos sombrios!
Apavoramento em todos os quadrantes
Choro e rangeres de dentes vêm à tona
Nas covas coletivas das metrópoles
E idiotas ainda alimentam glórias
Prontos a disseminar a catástrofe na
Terra
E ajudar a ceifadora funesta
A levar consigo os inocentes e os
ingênuos.
Tempos sombrios!
O planeta começa a costurar mortalhas
E os animais selvagens a habitar as ruas
Abutres voam ao rés do chão
Catando os órgãos dos corpos insepultos
A vida agora é o elogio da morte
Enquanto os crédulos rogam a um deus:
- Deixe de ser invisível! Venha nos
salvar!
Tempos sombrios!
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