- do livro "Abismo das Máscaras" (2017) -
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O tempo não tem horário
é um itinerário onde apenas há passado
coisas gastas e antigas
como o espaço onde estamos a esperar:
o último
terminal.
O poeta aguarda ainda com esperanças
e vive entre homens e mulheres
dentro de uma abóbada vazia respeitando
o trâmite silencioso das coisas transmudadas em nada.
Ele é dono de
tantas esperas
está aqui como
criança nua
(tristemente
nua)
quase no fim
do itinerário
e quase a ser
passado.
A vida
ofereceu coisas para chorar
e outras
pequenas para alegrá-lo
mas todo poeta
tem dessas coisas
antes do
esvanecimento.
Sobram terra e
vegetais.
Sobram
recordações.
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