Profetizo o verso ainda não posto à mesa.
E
neste limiar que pretende ser eterno
Crio
marcos e marcas para todos os viajantes
E
delimito no infinito do horizonte
A
dor escondida guardada dentro dos homens
Até
alcançar este infinito cheio de mim
(11)
Agora fiquemos sós.
Ainda temos tempo.
Nossos refúgios são seguros.
Estou olhando para a terra
E nela vejo uma força radiante.
Não preciso que você olhe para mim.
Não sou forte nem tenho intento insidioso
Mas não estou assim tão adormecido.
Quero atrair você para uma missão conjunta
Aos momentos em que trocamos
Ideias e argumentos.
“Qual será a missão?” Eis a pergunta.
Olhe:
As ruas estão perigosas e os seres humanos
Têm suas almas sonâmbulas programadas
Por vídeos televisivos.
Por mentiras oficiais.
Não se preocupe!
O mundo tem conserto.
Vamos entrelaçar nossas ações
Como cordas emaranhadas
A amarrar os navios do porto.
(12)
Fiquemos sós.
Tenho a intenção de amar
A sua ação esplêndida
Nos nascentes e nos poentes
Das fronteiras deste planeta.
E desejando olhar bem para dentro de mim
Você verá minha postura de guerrilheiro
Cumprindo um caminho evolutivo
Sem precedentes.
“Quem és?” Eis outra pergunta.
Olhe:
Na amplidão de todas as nossas madrugadas
Sempre aparecem as cinzas das inverdades.
Jogo-as pela janela do meu quarto.
Mas não se preocupe.
Não vou jogar fora as cinzas reais do passado.
Quero fazê-las voar célere ao seu encontro
Como a luz de uma estrela
Que só hoje
alcançou a terra.
(13)
Em verdade, em verdade vos digo:
A vida dos melhores humanos
Está jogada na sarjeta
E é por esse motivo que precisamos ficar a sós
E fazer um estudo dinâmico daquilo que somos.
Hoje é uma noite de inverno.
Ela é fria.
A ventania entra pela janela do meu quarto
Trazendo os gritos dos guerreiros iguais a nós.
Em verdade, em verdade vos digo:
Somos muito mais do que habitantes das sarjetas
E por essa questão temos de ficar a sós
Para realizar os sonhos dos visionários.
(14)
Em verdade vos digo:
Quando as paisagens da terra eram outras
O homem era muito mais feliz do que hoje.
Mas ainda há tempo
Para moldar uma nova mística
E para plantar uma semente
Mais formosa de planta.
Por isso temos de ficar a sós.
Eu e você.
Somos os únicos a compreender a nudez
A beleza, a dor, a alegria
E a verdade das coisas.
Em verdade, em verdade vos digo:
Podemos fazer o vento
Carregar mensagens otimistas
Para todos os deserdados do planeta.
(15)
Fiquemos sós!
Vamos enrodilhar nossos dedos uns nos outros.
Vamos amalgamar nossos cérebros para a luta.
Ao longo das grandes avenidas
Ninguém se fala mais.
Ninguém mais se olha para entender
As substâncias dos rostos e dos corpos.
O homem hoje ri ao matar seus semelhantes
E ao olvidar seus ancestrais
Sem chorá-los pelas suas perdições.
“Que faremos?” Eis outra questão.
Nada! Não faremos nada e faremos tudo!
Ficaremos sós para profetizar o novo tempo.
Ficaremos sós para ver
A verdadeira história ir e voltar.
(16)
A luz de sua imagem na plena madrugada
É uma condensação de paixão para meus olhos.
Em verdade, em verdade vos digo:
Haverá um tempo em que nos encontraremos
Arrependidos de nada termos sido
Tanto um para o outro
E de nada termos feito de bom
Do outro para o um.
Assim é necessário ficarmos sós
Criando tempo de mim e tempo de você.
Tentando ser ousados na criação e nas decisões.
Nos palácios, os opressores de hoje
Riem de nossos anelos
Mas nós daremos rédeas à imaginação
Quando ficarmos sós.
(17)
Nosso ficar a sós servirá
Para perturbar todo o universo.
Servirá para acabar com as leis dos “dinossauros”.
Para uma olhadela melhor às auroras.
Servirá para um mergulho fundo
Dentro de cada poro nosso.
Em verdade, em verdade vos digo:
Iremos implodir milhões de silêncios
E criar novas estrelas
Para iluminar nossas futuras madrugadas.
(18)
Fiquemos sós.
“Queres ficar a sós comigo?”
Venha então!
Conheceremos melhor
As vitórias e as derrotas.
Nas rugas de nossas peles
Saberemos quem somos
Para onde vamos
E qual o objetivo desta missão.
Em verdade vos digo, ó homem simples:
O saber dos sonhos cria em mim o dom da palavra.
O saber das lutas cria em mim o desejo da vida.
Em verdade vos digo: ao ficarmos sós
Entraremos em contato
Com todas as raças do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário