Os meus gestos possuem anos.
Meus pés marcaram muitos caminhos.
Escrevi poemas horríveis
e outros que me fizeram chorar.
Muitas gotas de suor deslizaram na carne.
Várias ilusões morreram nas estradas.
Amei e odiei e desprezei e fui triste e
alegre.
Vou passando! Muitos outros já passaram!
Cresci em carne e vou me nivelar em terra.
Fui prisioneiro de uma casta
dentro das minhas velhas roupas.
E nas ruas anoitecidas das cidades
desperdicei meu esperma nos ventres
e nas bocas das mulheres do mundo.
Perguntei sobre a falta de vulcões ativos
e por qual motivo os terremotos não nos
chegam.
Assim criei um grandioso tédio
vomitado como o do bêbado contumaz.
Perdi tempo e dinheiro nas grandes lojas.
Deixei de marcar o ponto no trabalho.
Porém, todas as noites eu me sento à mesa
e – acho uma graça isso! – escrevo poemas
que não serão lidos por ninguém.
E agora se tento explicar algo em profundo
essa é apenas minha angústia de viver.
Ser um tolo ou um doente sem remédio
buscando as inúmeras cores das palavras
o tema mais definitivo e mais suave e puro
de meus antigos gestos de herói.
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