lembrando meu amigo poeta Valdeci Ferraz
(1949/2021)
trago a cerveja amarga das amargas
para a mesa deste bar
quando a saudade em doses homeopáticas
começa a embriagar
eis no violão ele tocando um som dorido
que não pôde nunca ter
era sutil o toque de amigo mais querido
lembrando o bom viver
neste momento eu recordo as serenatas
cantadas aqui no bar
as cervejas eram espumas de cascatas
fazendo-nos chorar
ele era o seresteiro dessas tardes
– este poeta tanto o amou! –
era o meu companheiro dos alardes
que a poesia enviou
em seu violão ponteava as verdades
do amor e das tristezas
hoje só restam as futilidades
dos sons e das sutilezas
com enorme audácia ele vestia
o vermelho sobre o azul
cantando o amor em plena luz do dia
do norte ao leste e do oeste ao sul
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