O comandante do Centro, um general – cujo nome não vou citar por questão pessoal –, tinha acabado de visitar o presidente Eurico Dutra no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, na época Capital da República, e só depois, quando já estava no Recife, deu pela ausência do seu quepe.
Estava tão acostumado a usar o dito cujo na cabeça que nem sentiu que não estava usando. Só deu pela falta do quepe quando chegou no Recife para uma reunião com outros oficiais do Centro.
– Qual o problema? - perguntei.
– Problema sério! – explicou Sílvio - O general guardou dentro do quepe um papel especial...
– Que papel?
– Bom... Depois você sabe...
– Tá certo!
– Não se pode contar uma história começando do meio nem do fim, visse?
– Concordo, mas... O general achou o quepe?
– Não achou logo. O quepe sumiu por uns dias.
– Ele não tinha um quepe reserva?
– Tinha! E como não achou o quepe original, começou a usar o reserva.
– Então?... Qual o problema?...
– Ele continuou procurando o quepe feito um doido. Fez ligações telefônicas para o Catete. Falou com cabos, sargentos, tenentes, mandou que fizessem um pente fino dentro e fora do gabinete do presidente. Fez de tudo!
– O quepe ganhou fama! Ah, ah, ah!
– Isso!
– Será que o presidente Eurico Dutra encontrou o quepe e descobriu o papel com algo perigoso escrito nele? Talvez nomes de conspiradores?!
– Tudo é possível aqui no Brasil! Mas o quepe foi encontrado cinco dias depois na casa do general, no bairro do Parnamirim, aqui no Recife.
– Porra! Mas por que o general estava tão preocupado?
– Simples, o presidente Eurico Gaspar Dutra, em 30 de abril de 1946, proibiu os jogos de azar no Brasil. Entre eles, o jogo do bicho.
– E o que isso tem a ver com o quepe do general, tio?
– Aí é que está a questão... ah, ah, ah!
– Está contando uma piada, tio?
– Que piada que nada! Estou contando um fato! Mas se é engraçado é!
– E como soube de tudo isso, tio?
– Na caserna a gente sabe de muitas coisas.
– Mas... Por que a graça?
– O general tinha o papel escondido dentro do quepe. Era uma guia do jogo de bicho do dia 29 de abril, onde dizia que ele tinha ganho uma “bolada” jogando no veado. Ele nunca achou a guia para ir receber o dinheiro.
– Quem achou o quepe achou a guia, né?
– Pegasse o fio da meada!
– Então, tio... Quem achou o quepe do general?
– Sei lá!
Nenhum comentário:
Postar um comentário