meus amigos todos
acompanhantes de alguma mesa de bar...
o tal que se dizia zeca
– o guran que guardava
a caverna do fantasma –
pensou em ser herói
das verdades em quadrinhos
e após três copinhos
da mais deliciosa cachaça
chorou nos ombros de sebastião
e este fez da raiva
sonho de amor infantil
e de homem para homem
arretou-se com as conquistas
de chico e com os ciúmes de marcus
que era o antônio do grupo.
meus amigos todos e todas as mulheres
e todos os carinhos delas
suas variedades de beijos
(conheci muitos com elas)
e de angústias e tpms
hoje ecoam suas vozes encanecidas
dentro das noites
ana, marise, vânia, nina,
sônia, emília, mônica e a isabel
que nada tinha de parentesco
com a rainha espanhola
pois nenhum fernando existia
nesse grupo de loucos
dessa maciça década de bares
de fuscas brancos e amarelos
e dos pra não dizeres
que não falei das flores.
e outros ainda são mais
quentes que as mulheres
evaldo, henrique, durval, gilson,
valdeci, joão maria, márcio...
as amigas agregadas
ana júlia e as tantas outras anas,
as priscilas, as beatrizes, as patrícias,
as lucianas, as simones, as ângelas
que nas mesas dos bares
também falavam dos amores perdidos
dos crochês e dos bordados da vida
e recordavam os conselhos
da mamãe e do papai e dos padres
e dos pastores das igrejas.
as mulheres...
essas me lembram hoje
a manteiga e o pão e o café
e a delícia de tê-las no dia a dia
e ver seus sorrisos e suas carrancas...
há uma espécie de saudade
que não é saudade
(é quase raiva)
nos olhos e nas orelhas
e nas narinas e nos dedos
e nos fios de cabelo da cabeça
e nos pentelhos...
puta que pariu!
como o tempo passa!
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