quinta-feira, 22 de agosto de 2024

POEMA DE SAUDADE E DE QUASE RAIVA - RAFAEL ROCHA

 

meus amigos todos

acompanhantes de alguma mesa de bar...

o tal que se dizia zeca

– o guran que guardava

a caverna do fantasma –

pensou em ser herói

das verdades em quadrinhos

e após três copinhos

da mais deliciosa cachaça

chorou nos ombros de sebastião

e este fez da raiva

sonho de amor infantil

e de homem para homem

arretou-se com as conquistas

de chico e com os ciúmes de marcus

que era o antônio do grupo.

 

meus amigos todos e todas as mulheres

e todos os carinhos delas

suas variedades de beijos

(conheci muitos com elas)

e de angústias e tpms

hoje ecoam suas vozes encanecidas

dentro das noites

ana, marise, vânia, nina,

sônia, emília, mônica e a isabel

que nada tinha de parentesco

com a rainha espanhola

pois nenhum fernando existia

nesse grupo de loucos

dessa maciça década de bares

  de fuscas brancos e amarelos

e dos pra não dizeres

que não falei das flores.

 

e outros ainda são mais

quentes que as mulheres

evaldo, henrique, durval, gilson,

valdeci, joão maria, márcio...

as amigas agregadas

ana júlia e as tantas outras anas,

as priscilas, as beatrizes, as patrícias,

as lucianas, as simones, as ângelas

que nas mesas dos bares

também falavam dos amores perdidos

dos crochês e dos bordados da vida

e recordavam os conselhos

da mamãe e do papai e dos padres

e dos pastores das igrejas.

 

as mulheres...

essas me lembram hoje

a manteiga e o pão e o café

e a delícia de tê-las no dia a dia

e ver seus sorrisos e suas carrancas...

há uma espécie de saudade

que não é saudade

(é quase raiva)

nos olhos e nas orelhas

e nas narinas e nos dedos

e nos fios de cabelo da cabeça

e nos pentelhos...

puta que pariu!

como o tempo passa!


Nenhum comentário:

Postar um comentário