Do
livro “Abismo das Máscaras” - 2017
O
homem que não sabe navegar
não
consegue discernir a cidade
onde
rios se encontram para criar o mar.
Assim
quem poderá cantar
uma
cidade marinha/ribeirinha
vestida
de pobreza?
Sim,
tem de existir um cantador
quem
sabe lá da zona do meretrício
ou
dos altos de Casa Amarela
ou
dos píncaros da Sé de Olinda!
Sim,
tem de existir um cantador
para
recitar uma ode pura!
Ou
deslizar nas ondas das praias
e
sentir a maresia dominante
energizando
seus narizes.
Ou
viajar dentro da noite vazia
adentrar
botecos sujos
e
beber junto com as putas e as bichas.
Esta
cidade Recife é pedra e correnteza.
Não
é perfumada, mas é poderosa.
É
luminosa e líquida.
É
masculina. É trans. É feminina.
Cheia
de heróis diurnos e noturnos.
Mulheres
vadias. Homens vagabundos
e loucos saudáveis.
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