Do
livro “Abismo das Máscaras” - 2017
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Eu escrevi em
dezenas de cadernos
o encantamento
das palavras
e perguntei por
mim nas entrelinhas:
- Onde estás?
Na verdade estive
morto no último inverno
dentro de um
poema sem causa
e ressuscitei sob
a luz do astro-rei
encontrando a mim
mesmo
no lugar onde eu
estava.
Não sei bem se o
amigo entendeu a lavra
dos poemas
escritos no último verão
(sei o quanto ele
deve estar ansioso)
declamando o
sonho de ser
antes de seguir
direto para olhar o sol poente.
Olhando as
espumas no meu copo de cerveja
pensei na
primeira e na última mulher.
Fiz a pergunta
que se faz traiçoeira:
- Onde elas
estão?
Na verdade tudo
era um ontem.
Não apenas eu
mas o mundo inteiro.
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