Do livro “Marcos do Tempo” - 2010
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O Recife se planta nas águas
Nos olhos dos homens
Nas mãos de crianças maduras
No seio da fome
O Recife se planta nas ruas
De raízes sedentas
Em mulheres famintas de sonhos
Regados a luzes mortiças
Ruas paralelas à morte
E desiguais à vida
A cidade dorme e acorda
Faminta de ilusão
Águas, areais, mangues
Do alto da Sé de Olinda
Vicejam catacumbas
O Recife nascemos nas noites
Mais cruéis que os dias
Nascemos o Recife nas entranhas
Do buraco no mar
O Recife vivemos nos ares
Sombrios feiticeiros
Dos velhos fidalgos
Nassovianos ou portucales
Os homens fazem fria a cidade
Quente a fazem as mulheres
Mornas as mãos infantis
Dão
a fé e a esperança
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