quarta-feira, 7 de agosto de 2019

ESTÁTUAS VIVAS - Rafael Rocha

Do livro “Meio a Meio” – 1979
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Os homens estão perdendo as auroras
na noite negra que desaba sobre o mundo.

Junto a que ideal anda a palavra da ordem
para essa dor que rola aos nossos pés?

Palácios são erguidos aos caudilhos da terra
e o construtor de estátuas perde-se no crepúsculo.

As faces dos homens andam iguais a pedras.
Por que eles estão distantes?
Por que eles estão tão frios?

De hora à outra as auroras adormecem
e uma noite escura desaba sobre os homens.

Apenas uma ansiedade envolve a história
num surto de gritos e gemidos e belicismos.

E mesmo com os olhos buscando o orvalho
os homens ficam a vagar no frio do inverno.

E palácios são erguidos...
Palácios são erguidos aos caudilhos da Terra!
E os lapidadores da pedra dormem sob a lama!

Por que eles não acordam?
Por que são tão frios como as estátuas?

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