Do livro “Marcos
do Tempo” – 2010
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Deste meu lugar destilo os versos de minhas
fibras
Aos braços das mulheres ansiosas por meu
canto.
Não só tão ansiosas, mas ainda repletas de
desejos
E loucuras de carne e beijos e repetidas
carícias.
Tenho a mulher como um espaço poético
maciço
Loura, negra, branca... Todas têm segredos
fixos...
E do jeito que as quero nos meus sonhos da
vida
Quero-as no real de mim presas em minha
caminhada.
Corpo de mulher! Que desvario para minhas
noites!
Cheiros, maciezas, umidades de pelos e de
lábios.
Assim como as margens de um rio recebem
ondas
Meu corpo recebe as mesmas carícias dos
desejos.
Deste meu lugar escrevo os versos concretos
de mim
Para os olhos das belas ninfas ansiosas
pelo canto.
Não apenas ansiosas elas são. São todas
ansiadas.
Seus beijos e seus anelos. Seus ventres e
suas almas.
Corpo feminino a se mostrar aberto aos meus
anseios.
Deglutirei o sabor dos seios e o sal de
tuas vísceras.
Corpo feminino a espelhar risos e outros
encantos
Mergulharei rijo para conhecer teu interior
secreto.
Deste meu lugar o corpo anseia por gestos
obscenos
Numa cama e entre as macias pernas da fêmea
agitada.
Deste lugar um oceano recebe ventos de
tormenta
E naufragam meus navios nas procelosas
vagas.
Quando ficas calma, corpo de mulher, és
terra macia.
Onde o náufrago desliza na busca da
sobrevivência.
Antes pensar em sobreviver morrendo dentro
em ti.
Antes pensar em morrer sobrevivendo em teu
plano.
Ainda que o poeta deva acreditar no plano
próprio.
Homem que sabe ver a tua miragem no oceano.
E por mais poeta a definir ventos
tempestuosos
Seja o homem o espelho e a transmutação do
canto.
Canto venéreo. Canto sexual. Canto livre e
sem árbitro.
Sejas tu, mulher, o destino. Sejas, tu, o
último parto
Onde eu possa mergulhar em cheiros e
umidades novas
E
repartir contigo estes versos lúcidos e suados.
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