Prefácio escrito pelo
jornalista José Carlos Gomes da Silva, Olinda/PE, para o livro “ENCÍCLICA
DOS HOMENS – Encyclicae Hominum”
do poeta e escritor Rafael Rocha a ser lançado neste mês de agosto de 2019
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Rafael Rocha não
é um papa.
Essa constatação
óbvia, a rigor não significaria nada, se ele não tivesse cometido a ousadia de
escrever uma encíclica.
Isso mesmo, caro
leitor!
Neste volume que
você tem nas mãos estão escritos os versículos que compõem a Encyclicae
Hominum (Encíclica dos Homens). E, no final dela, o poeta ainda
nos brinda com belos poemas de sua lavra.
Não considere, em
nenhum instante, que o gesto de Rafael Rocha é uma tentativa de aproximação com
os pontífices da Igreja Católica. É preciso saber que ele não tem absolutamente
nenhuma boa vontade com as religiões, sacerdotes, pastores e seus seguidores,
sejam quais forem.
Pelo contrário,
em muitos momentos desta Encíclica dos
Homens, ele revela todo o seu desprezo pelos que vivem guiados por
dogmas religiosos, de joelhos nos templos, rezando e orando pela salvação de
suas almas. O poeta/escritor/jornalista desdenha dessas pessoas, chamando-as de
“igrejeiros”.
Se Rafael Rocha
fosse um papa esta seria a 298ª encíclica publicada. Em latim, “encíclica” significa circular.
Dirigida aos
bispos e aos fiéis, é o maior grau das cartas pontifícias. Sua origem são as
epístolas do Novo Testamento, e define a posição da Igreja Católica sobre temas
importantes para a sociedade.
A primeira
encíclica da história, Urbi primum (Primeira Cidade), foi assinada pelo
papa Bento XIV, em 1740, e determinava as funções dos bispos na organização da
Igreja Católica. Outras, ao longo dos séculos, serviram para denunciar erros e
condenar tendências e movimentos como o nazismo, por exemplo.
Nesse sentido, a
encíclica Mit Brennender Sorge
(Com Ardente Preocupação), publicada pelo papa Pio XI, em 1937, assume aspectos
singulares, tanto pela utilização do alemão no lugar do latim (idioma oficial
das encíclicas), quanto pela sua oposição corajosa ao regime nazista. Seu
conteúdo é permeado pela raiva, desprezo e escárnio, sentimentos raros nas
outras encíclicas.
Outros papas também
assumiram posições corajosas contra os poderosos de suas épocas, e foram
capazes de produzir títulos como Rerum
Novarum, Pascendi Dominici
Gregis e Humanae Vitae.
Todas essas
encíclicas foram publicadas em momentos importantes da história da Humanidade,
buscando, de uma forma ou de outra, influenciar os acontecimentos.
Se fosse mesmo
papa, Rafael Rocha provavelmente seria excomungado pela Igreja Católica. Mas
como poeta e escritor o seu tiro é certeiro. Sua palavra é ácida para os igrejeiros.
Sua encíclica não
veio criar regras rígidas de comportamento, não busca avivar a fé de bispos e
religiosos, nem procura doutrinar, condenar erros ou ensinar sobre um tema
moral de modo a informar os fiéis sobre a necessidade da fé.
Pelo contrário, a
Encíclica dos Homens é
libertária, terrena. Logo nos seus primeiros capítulos, ela propõe a
desobediência aos dogmas religiosos.
Nesta reflexão, Rafael
descreve a trajetória humana no planeta. Fala da escravidão provocada pela
obediência a dogmas religiosos, do deslumbramento da maternidade, do
envelhecimento, da solidão, da morte.
Sua encíclica é
carnal! É essencialmente humana, portanto, muito mais divina do que aquelas
escritas pelos papas católicos. Aproxima o homem do universo ao constatar que
um beijo na boca nos faz vizinhos das estrelas.
Esse
posicionamento retoma o eterno debate entre os defensores da salvação do homem
na vida eterna, e os que propõem a abolição das diversas formas de opressão
humana já na vida terrestre. Rafael não quer impor uma verdade absoluta. Para
ele, cada ser humano caminha em busca da própria verdade, mas a realidade nua e
crua está na inexistência de um deus.
A Encíclica dos Homens mostra que o
voo do homem para as estrelas é feito através da poesia, da música, da dança,
do amor, da beleza, do prazer carnal, do gozo sexual. Rafael pretende amainar a
dor natural do ser humano e o seu medo da morte, quando ressalta que “a vida
é única e passageira, e que apenas aqui neste planeta azul poderemos viver e
sonhar e voar para as estrelas”.
Essa epístola,
audaciosa e profana, espalha seu evangelho poético nos ventres e nas bocas dos
homens, tornando-se uma arma poderosa na luta contra os opressores, sobretudo
nestes dias em que o mundo – novamente – é seduzido por ideias
totalitárias e fascistas.
O Brasil agoniza,
atolado até o pescoço num lamaçal de racismo, ódio, homofobia, mentiras e
perseguições. Uma atmosfera sufocante para os amantes da liberdade, que sempre
estiveram à frente na luta por um mundo melhor e pela igualdade entre os
homens. Não é uma simples coincidência, portanto, a reação em cadeia que é
gerada em contraposição aos opressores.
De fato, ao longo
da história, todas as vezes em que a sociedade se viu ameaçada em seus direitos
e em sua liberdade, os intelectuais, músicos, artistas, escritores e poetas
saíram em seu socorro.
Rafael Rocha
chama os que participam dessa resistência de “guerrilheiros da palavra”, quando assinala que eles, e
apenas eles, “entram em trâmites de
revolta”. A Encíclica dos Homens
é uma exortação à luta.
Ela busca pensar
a vida dos seres humanos além das paredes e dos altos muros. Encoraja o
encontro com os guerrilheiros
para criar um exército de homens lúcidos.
Os guerrilheiros da palavra têm
plena consciência de que não há um tempo determinado para a execução desse
plano de conscientização dos homens.
A Encyclicae Hominum profetiza que
uma fome voraz e incontrolável invadirá o planeta, e dinheiro algum conterá sua
força destruidora, nem livro sagrado, nem crucificado, nem santos, santas,
jejuns ou orações.
Trata-se de um
forte e atual alerta sobre as consequências que a vida na Terra sofrerá, caso
os nossos destinos permaneçam nas mãos dos que consagram a fé nos fuzis e nas
armas brancas; nas mãos dos que exaltam o ódio contra as minorias e contra as
classes menos favorecidas; e nas mãos dos igrejeiros
que se consideram filhos de um deus onisciente.
Apesar das duras
palavras, da atmosfera sombria que nos rodeia, nada de pranto, nem de
lamentações. O objetivo desta Encíclica
é desbravar novos caminhos. Sem esquecer que a caminhada para a construção da
fortaleza da consciência e da liberdade dos homens é feita palavra por palavra,
frase por frase.
O propósito de Rafael
é colocar os humanos a salvo dos representantes de um deus inexistente e
ilusório, e bem longe daqueles governantes que não conseguem conviver com
alguém que pensa de forma contrária à deles.
A publicação de
uma encíclica, quando ela aponta o dedo contra os poderosos de sua época, é uma
atitude corajosa. Traz consigo verdades e acelera o coração na direção da luta,
erguendo a espada da liberdade.
Esta epístola de Rafael
Rocha não dita regras para bispos e fiéis, pois isso, diz o autor, não ajuda em
nada à sociedade, servindo apenas para espalhar falácias e perdões hipócritas.
Sim! Esta
encíclica é poderosa! Busca aprisionar os fascistas nos calabouços! Quer ser
uma fênix contra a prostituição da pátria!
Sua ideia
primordial é juntar centenas e milhares de poetas, e milhões de poemas para
encarcerar nas masmorras os gigolôs, vendilhões igrejeiros, políticos e
mercenários fascistas.
Mais do que algoz
dos inimigos, a Encíclica dos Homens
é libertadora. É um manifesto para a criação de um exército de homens lúcidos e
livres.
Dentro do atual
caos em que vivemos, precisamos criar uma nova consciência, destruir os
monstros para sermos cúmplices na criação de um novo tempo neste mundo.
A Encíclica dos Homens ou, em
latim, Encyclicae Hominum propõe
uma troca: o ser humano deve ser colocado em todos os altares, no lugar dos
santos de barro e de cerâmica, e também elevado para muito acima dos ditos
livros sagrados.
Cada criatura
deve ser dignificada por suas ações: “Nenhum
ser humano estará acima de outro. Nenhum ser humano estará abaixo de outro”.
Os guerrilheiros da palavra sabem
que para alcançar esse estado de coisas é preciso reconstruir nas consciências
as lembranças vivas e naturais da Humanidade.
(JCGS)
Olinda/PE, junho de 2019
Interessante e oportuno o seu livro amigo Rafael, quando os fundamentalistas cristãos que já assumiram o governo americano de Trump com sua estúpida política (W. Bush antes), estão vindo dos EUA para o Brasil e América Latina com pastores doutrinadores em missões do Ministério Evangélico Capitol da ultra direita para influenciar e converter políticos, autoridades públicas e servidores públicos em Brasília, governantes do Governo Evangélico Bolsonaro, desrespeitando e colocando em risco a nossa primeira Constituição Republicana de 1981 (violam tambem a constituição americana)e a nossa democracia e Estado Laico.
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa!
Abraços
Oiced Mocam
Porto Alegre/RS
Obrigado pelo elogio e pela informação, caro amigo. Espero que adquira o livro. Já forneci as dicas sobre como adquirir no seu Face.
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