Do livro “Contos
Delirantes com Versos em Bolero” – 2017
Os amores
que não os tive se tornaram aves
Fazendo ninhos
nas árvores e pousando nas janelas
Voando pelas
manhãs e voando pelas tardes
Com trinados
assustados ecoando nas florestas.
Tento escutar
o burburinho de seus cantos
Nas vozes
dos filhos, na da amada e nas dos irmãos
Só fazendo-se
pássaro para saber esse acalanto
Na profundeza
imensa da minha imperfeição.
Os sonhos
que pensei fazer reais não os foram
Voaram como
aves errantes e se perderam no ar
Nem sequer fizeram
ninhos nas árvores das florestas
Nem sequer foram
afoitos na loucura de cantar.
Restaram só
as coisas mais simples das andanças
Sem ninho e
sem folhas, realista e animal:
Homem feito em mim tal ave sem trinados
Voando
no circuito de uma vida banal.
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