quinta-feira, 27 de junho de 2019

BANALIDADE - Rafael Rocha

Do livro “Contos Delirantes com Versos em Bolero” – 2017

Os amores que não os tive se tornaram aves
Fazendo ninhos nas árvores e pousando nas janelas
Voando pelas manhãs e voando pelas tardes
Com trinados assustados ecoando nas florestas.
Tento escutar o burburinho de seus cantos
Nas vozes dos filhos, na da amada e nas dos irmãos
Só fazendo-se pássaro para saber esse acalanto
Na profundeza imensa da minha imperfeição.

Os sonhos que pensei fazer reais não os foram
Voaram como aves errantes e se perderam no ar
Nem sequer fizeram ninhos nas árvores das florestas
Nem sequer foram afoitos na loucura de cantar.
Restaram só as coisas mais simples das andanças
Sem ninho e sem folhas, realista e animal:
 Homem feito em mim tal ave sem trinados
Voando no circuito de uma vida banal.

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