sexta-feira, 26 de julho de 2019

POEMA DO TEMPO PERDIDO – Rafael Rocha


Do livro “Felizes na Dor – Tributo ao poeta Charles Bukowski” - 2016
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ficar como hoje
(porra!)
na solidão de um pequeno quarto
um cigarro (um só cigarro!)
aceso entre os dedos
e sem cerveja
(essa é a merda maior de todas!)
deitado num colchão fino
posto no chão
por bondade de outros.

ainda estou magro para esse morrer...
mas, sim, se assim ficar
morrerei magricela
pois não tenho dinheiro
nem trabalho
ainda que um diploma de jornalista
esteja pendurado no prego
de minhas paredes de dívidas reais.

e toda manhã eu vejo os outros...
indo trabalhar e trabalhar e trabalhar
todo mundo ganhando dinheiro
indo aos botecos, bares e boates
fazendo a vida voar, voar, voar...

... ainda estou alegre
por ter um colchão no piso de cimento
para poder dormir e sonhar
com o que eu possa ser qualquer dia.

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