terça-feira, 23 de julho de 2019

MULHER MORENA – Rafael Rocha

Do livro “Meio a Meio” - 1979
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Mulher morena que se estende
nos lençóis brancos da vida.
És o motivo maior deste poema.
Tremores nas areias dos meus rios.

Mulher morena que se entrega
mórbida como quase que obrigada.
És a fruta madura que mata minha fome
e pacifica a aridez das minhas origens.

Mulher morena que incendeia
a víscera do pecado original.
És a abertura que suga o meu sangue
e tonifica os meus nervos de animal.

Mulher morena que se desmorona
em contrações de cavalgadura.
És a cama, o pão, a agonia
onde consigo esquecer as amarguras.

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