Do livro “Meio a Meio” - 1979
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Não!
Não sejam necessárias as reminiscências.
Minhas
noites sempre têm mais luzes.
Maiores
multidões de segredos.
Muitas
e imensas solidões.
Para
início de conversa eis as estrelas:
Tão
separadas umas das outras! Dá pena vê-las
mensageiras
de sinais do cosmos infinito!
Não!
Recordações
passadas não são necessárias
para
construir um poema para a noite/hoje
com
o tempero incerto da noite/amanhã.
Faço
isso com minhas ideias.
Simplesmente!
A
noite tem mais luzes e mais abrigos.
Recantos
onde todos curtem sorrisos e tristezas.
Possui
feminilidade e perfumes.
Bares
abertos.
Ouvidos
atentos para milhões de lábios.
A
noite tem próprios refúgios:
Locais
onde podemos argumentar sem medo.
Ruas
desertas para ouvir/curtir a madrugada.
Vias
onde caminhamos ao acaso
com
e sem possibilidade de retorno.
Há
o bairro do meretrício
desaguadouro
de mágoas em ventres amplos.
E
ainda os botecos das ruas estreitas
(fétidos
de fezes e de urina)
com
seus imensos braços abertos.
Cadeiras,
mesas, copos, garrafas.
Refrões
claros e escuros.
Muitas
mãos gesticulando.
Outras
compassadas em eterna espera.
Toda
uma completa vivência da noite/hoje
nalguma
batucada vibrátil
compasso
de algum beijo
no
tilintar dos copos em elevação ritual.
Existem
despedidas provisórias.
Existem
despedidas sem nexo.
Existem
despedidas amargas e eternas.
E
todos parecem
na espera ilusória de algum sol...
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